Meu deus está guardado

no fundo de um guarda-roupas.

Fede a mofo meu deus tempo

consumindo a si mesmo.


Tampouco adorado deus,

de esmolas vive daqui e dacolá.

Dormiu com fome noite passada,

tinha seus cães pra alimentar.


Pode-se vê-lo no suor das têmporas

de velhos leprosos e caducos

no imbróglio de cânticos silenciados

meu deus sem metafísica é o estribilho 

do povo oprimido


estancado há milênios entre tudo e o nada

se projeta em minhas lembranças de menino

qual disforme forma dos rabiscos de outrora


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