não chegues a mim com o riso largo demais, que eu abomino o sentimento de inveja que toma conta de minha corrupta alma quando, ainda que não queiras, te mostras tão soberbo. como consegues ainda rir diante de tamanha desgraça? desculpem-me os otimistas, os positivistas, os good vibes, mas rir, agora, só se for de nervoso. e desculpa? ah, desculpa é uma ova, vai! que a minha paciência já acabou tem tempo e, se eu posso, eu vou mostrar a minha face mais bronca e malcriada por escrito, porque pessoalmente... e ninguém hoje está pessoalmente pra ninguém, ou não deveria estar, todo mundo é interpretação e polidez, a não ser, é claro, o irmão que tem que se humilhar por um prato de arroz para se manter de pé e, então, continuar se humilhando consecutivas e exaustivas vezes para então caminhar. o ministério da falsidade ideológica está em ruínas com a gente tendo que conviver vinte e quatro horas por dia consigo mesmo tout le temps! olhar pela janela essa vala que só cresce em múltiplos de se...
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eu não poderia prever você passando por de repente por entre os meus pensamentos diários. não poderia prever que seria, assim, como um rio que flui, por mais natural que seja fluir, ao mar não passou por nenhum momento dessa mente conturbada em labirito que amar pudesse ainda fazer sentidos num mundo sombreado por medo de economias baixas em diversos setores dessa tal humanidade, quem diria o luxo de ser prosaicamente romântico num poema que é todo ânimo de transformar
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chegará o dia em que este grito ermo que ecoa cá dos picos de meu vão espírito me tomando a palavra em sua forma me tolhendo a frase em sua sintaxe romperá a carne qual mariposa irrompe o dia. seu voo não cantará a chuva e sua queda não matará a fome dos sapos mas ainda assim nulo de sentido lógico até se dissipar no ocaso será um grito que zé
Conto sensual
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Desde que amanheceu, ainda que sem sol, percorria os olhares para as horas de ontem: lembrar de cada ação era como se eu revivesse o toque; as digitas dos dedos despelando, num tempo frio e seco, na pele macia com pelos ralos, a situação se dava pela calmaria, a rendição pelo cansaço, de forma que ocupavam-se inevitavelmente pelo comprometimento: estar ali um pelo outro era, também, estar por si, em realizar-se. Nos dedos, a firmeza do ato. Tentava relembrar outros cheiros, outros sabores, mas a memória lhe lembrava de que aquilo nunca houve antes e era tudo, tão somente, o que queria em alguém: o gosto que dura. Salivava pouco, não que não existisse motivo, mas destilava, lentamente, como predador que saboreia o imaginário até a razão desaparecer e esvaziar quaisquer espaços. Bem dentro dos olhos, conseguia sentir os pelos que se eriçavam no meio das costas: era a amostragem do envenenamento, arrepio entre as duas asas. Com as mãos muito bem posicionadas a língua...
falência múltipla daquilo que poderia ser fibroso
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que não há motivos e nem credibilidade em deuses em extra -terrestres. não há que se justificar pois aqui não é teoria e diz-se o inecessário o duro e o doloroso como a pornografia escusa e remissiva: mortos caminhantes sem raízes motivos atrás de alcançar o fixo estável imóvel linha de chegada lá -pide. qualquer falta de pretexto invalida o social o natural o sobrenatural vai além como o não saber escrever porque dói e quem me sabia não está para cura -tivar. será assim infundado morrer com sinais in- óbvios de desistir e ver a ococidade: exaurida de vida cheia de órgãos Isali - 26 de setembro de 2019
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vamos, não chores! que o tempo é coisa previsível de sentir. passa e não se mostra, esmurra e não se compadece, rouba à mão armada horas de pobres insones assalariados que suspiram o amanhã já sabido de cor. já não tens mais idade para sonhos juvenis mas tens para o fracasso acumulado em teus olhos caídos. não te arrependes de nada? como do dia em que perdoara teu algoz e complacente oferecera a outra face nada? não ponderou o dito deveras maldito valor moral da subserviência agora, enfastiado, se te sobras tempo dorme, meu filho. zé