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Mostrando postagens de julho, 2019

na bosta

depois de arreiado, decidiu : precisava mijar e, chegando até o banheiro, percebeu que a boca do vaso, que recebe sem fome nenhuma aquilo que é expelido tendo sido antes cada cor saboreada, centímetro por centímetro, até o metro da língua pra depois de passar num acúmulo envolvente de vermelho escuro e quente, virar marron, estava maior e mais larga. depois de mentalizar o nada, que sempre se parecia com um quadro branco de escrever com pincel e se concentrar no contínuo barulho da água caindo da torneira pouco aberta, enfim relaxou o esfíncter e conseguiu liberar um jato forte de mijo que não durou mais que dois segundos e deu lugar àquela urina apertada e quase cremosa de tão difícil de sair. depois de observar bem como a água escorria pelas beiradas do vaso de modo tão involuntariamente mecânico, desequilibrou-se e caiu desceu foss'adentro, quando se lembrou, enfim, que, se tivesse como qualquer outro, poderia inclusive ser adubo para virar nova comida porque

lembrete

Ana atirava milho às galinhas no quintal A saboneteira tinha o tom do inverno a água o tom da solidão, caía da caixa nas pedras esponjosas   seguindo caminho até a bica minguante Os vales por que seguiam as águas rendiam pontes e personagens aos meninos de Ana. O quintal tomava forma de metrópole pés de manga serviam de aeronave para a invenção dos meninos podia-se ver o mundo inteiro sobre as folhas que divisavam cada cabine daquele pé de manga roxa que abrigava tudo quanto é periquito. Tudo era tranquilo em redor de Ana. No curral, o rádio tocava “emoções”. Os meninos se reuniam ao final das tardes de domingo para jogar bandeirinha o pasto inteiro servia de campo. corria-se descalço até o dedo encontrar alguma pedra infrequentável e destampar-se. Quando a noite chegava, estrelas serviam de palco para que corujas e urutaus pusessem em cena aquele medo melancólico sobre a nossa casinha de adobe   a caixa derramando água e imitando a chuva por detrá