na bosta

depois de arreiado, decidiu
: precisava mijar e, chegando até o banheiro,
percebeu que a boca do vaso,
que recebe sem fome nenhuma aquilo que é expelido tendo sido antes cada cor saboreada,
centímetro por centímetro, até o metro da língua pra depois de passar num acúmulo envolvente de vermelho escuro e quente,
virar marron,
estava maior e mais larga.
depois de mentalizar o nada,
que sempre se parecia com um quadro branco de escrever com pincel e
se concentrar no contínuo barulho da água
caindo da torneira pouco aberta,
enfim relaxou o esfíncter e conseguiu liberar um jato forte de mijo que
não durou mais que dois segundos e deu lugar àquela urina apertada e
quase cremosa de tão difícil de sair.
depois de observar bem como a água escorria pelas beiradas do vaso de modo tão involuntariamente mecânico,
desequilibrou-se e
caiu
desceu
foss'adentro, quando se lembrou, enfim, que,
se tivesse como qualquer outro, poderia inclusive ser adubo para virar nova comida
porque a gente até come mas não vive nela.

(xis, 31 de julho de 2017)

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