SE


Se pudesse te pedir uma última coisa
pediria que pensasse mais em você mesmo,
Que andasse de avião, que conhecesse o mar,
que tirasse férias,
que esquecesse temporariamente
o rebanho.
Se pudesse te abraçar uma última vez
não pestanejaria
faria de todos os dias o segundo domingo de agosto
Seríamos pai e filho novamente, como na certidão.
Se pudesse apagaria da cabeça aquele seu grito de socorro,
o último encontro que volta e meia aparece sem pedir licença:
"Me leva pra casa, meu filho"
Desobediente, não atendi seu último pedido.
A vida é como o triturador no paiol, meu pai –
transforma a cana em ração e a ração em fezes
– e não há voltar atrás
Se houvesse, me pouparia dessas condições.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

da república

Conto sensual

falência múltipla daquilo que poderia ser fibroso